sexta-feira, junho 10, 2005

uni palavras num secreto sonho perdida nas vozes do mar e em silêncio lembrei-me de ti ao acordar

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O Poema

O poema me levará no tempo
Quando eu já não for eu
E passarei sozinha
Entre as mãos de quem lê
O poema alguém o dirá
Às searas

Sua passagem se confundirá
Com o rumor do mar com o passar do vento

O poema habitará
O espaço mais concreto e mais atento

No ar claro nas tardes transparentes
Suas sílabas redondas

(Ó antigas ó longas
Eternas tardes lisas)

Mesmo que eu morra o poema encontrará
Uma praia onde quebrar as suas ondas

E entre quatro paredes densas
De funda e devorada solidão
Alguém seu próprio ser confundirá
Com o poema no tempo


Sophia de Mello Breyner Andresen

2 comentários:

Anónimo disse...

deste-me a dificil tarefa
de te deixar aqui
um pequeno comentário

mas que posso eu acrescentar
a esta tua bela cabana
tecida com lindas palavras
escolhidas cuidadosamente

posso apenas partilhar contigo
a imagem desta minha praia

confessando-te que
encontro em cada palavra tua
significado, sentimentos
ecos que me percorrem
fazendo vibrar em tons
de cores ressonantes

e deixar-te
em tons azuis salgados
salpicado pela brisa fresca
um beijo

JR

Night disse...

lindo lindo lindo este poema

rosto...

  rosto em silabas as artérias estão vazias dentro de mim. escuto gritos sucessivos e a sede é abandono em dias inúteis. o tempo é...